quarta-feira, 21 de maio de 2014

Vênus


   ...se fosse contar, já era a oitava ou décima vez que ele ouvia aquela música. Era a música preferida dela. ( https://www.youtube.com/watch?v=8nOEO7Hm7rg ) Isso trazia à memória o dia em que se conheceram naquela rede social. Tinham amigos em comum e quando ele a viu na página de sua amiga, seus olhos não conseguiram mais se afastar de suas fotos. 
   Sentiu seu coração bater mais forte enquanto se encantava com aqueles olhos que tinham cor de entardecer no outono, com aqueles lábios carnudos em formato de coração, aqueles cabelos que lhe incitavam a mergulhar naquela foto só para tocá-los e sentí-los entre os dedos, se pudesse. Era uma Vênus, com aquele corpo desenhado e esculpido no suor da academia, embora a beleza física não era o que mais pesava para ele, afinal, ela é efêmera. 
     O que lhe conquistava a cada dia mais, era sua maneira de pensar e o romantismo dela. Era uma mulher muito romântica e ele ainda mais.
     Marcaram um encontro no shopping, no final de semana, para se conhecerem. Ela chegou vestindo um shortinho curto (ele adora) mostrando suas pernas perfeitas, uma blusa escura que contrastava com seus olhos cor de outono, salto alto, caminhando lentamente em sua direção. Ele havia reservado uma mesa em seu restaurante preferido. Era uma noite de inverno, embora não estivesse frio, mas tinha seu encanto aquela brisa que soprava seus cabelos no terraço do restaurante. 
     Conversaram animadamente após o jantar e em seguida ele a convidou para caminharem um pouco lá fora. Caminharam até o jardim onde havia um lago e ficaram debruçados sobre a proteção que havia ao redor do mesmo. A noite clara, com sua lua cheia contornava silhuetas ao longe de outros casais. Ele roçou sua mão sobre teus braços e afagou seus cabelos aproximando seu rosto daquele rosto de querubim. Aqueles lábios carnudos o faziam perder o fôlego, ao ponto de não resistir e interromper a conversa colando seus lábios nos dela. 
     Foi mágico quando ele sentiu aquela maciez que roçara nos seus, aquele gosto de fruta do seu batom e o calor que aquecia os seus lábios que contornavam lenta e suavemente os dela, roçando os cantinhos de sua esculpida boca com a pontinha da lingua e mordiscando seu lábio inferior, buscava aquela lingua macia para unir à sua num beijo caliente e demorado. Seus braços a enlaçavam e apertavam num abraço que não queria mais que desatasse, que eternizasse e se assim pudesse, que ali seu último suspiro padecesse. 
     Seu coração não se enganara, a mulher por quem ele quase parara poderia finalmente ler em seus olhos o que palavra alguma é capaz de descrever, poema algum capaz de enaltecer, música alguma capaz de dizer e qualquer outra mulher, que conhecera até então, capaz de superá-la. Não foi preciso nenhuma pergunta, nenhuma resposta, para que ali iniciasse um namoro, pois algumas coisas não são ditas, mas sentidas, combinadas pelo coração, escancaradas pelos olhos e eternizadas na alma. 
     O amor não pede nada além de sinceridade, reciprocidade e lealdade, pois ao contrário, não é amor. Ele cuidaria dela. Ela cuidaria dele. Juntos cuidariam de seus futuros. Que venham as manhãs em que ele sempre lhe mandaria uma mensagem de carinho ou nas manhãs em que ele levará seu café da manhã na cama. Que venham as tardes em que ele a buscará no trabalho ou preparará o jantar esperando por ela. 
    Que venham as noites, em que dormirão abraçadinhos ou verão o dia raiar e iluminar seus corpos suados.     Que venha a vida, toda a vida, em todos seus dias longos, pois quem ama, não vê a vida passar. 
     É assim que ele a quer...  

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