quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Reaja...


Quando o pensamento aponta e conta,
entre cada batida, histórias para si mesmo dormir
eis que se avulta no vil pranto ao partir
a lágrima do sentimento que ali não se encontra

Deita a saudade em cama de espinhos
da roseira que plantastes em tu'alma
e sorri da chaga aberta que não se acalma
na colheita que fizestes à beira do caminho

Não contentes tu com migalhas de amor
nem condenes teu coração, de amor, ao jejum
pois que o verbo amar não é lugar comum
que tampouco se conjuga com a tua dor

Mas levanta-te, pois que chega a aurora,
desenhe um sorriso na máscara do teu rosto
e não te esqueças, do beijo, o gosto
e acompanhe, de vez, o féretro do pranto de outrora.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Baú de decisões...

...ela subiu os degraus que a levavam ao sótão, lentamente, um por vez, destrancou a porta cuja fechadura ainda não havia sido trocada e a chave, pesada, estranha, mais parecida com um daqueles objetos medievais que ela via nos filmes, rangeu de forma estridente ao ser torcida. A porta, rangendo por falta de lubrificação nas dobradiças fez soar um estalo e ela a empurrou lentamente. Tentou acender uma lâmpada mas ela estava queimada. Foi tateando no escuro até encontrar um caminho pelo qual alcançasse a janela. Afastou a cortina de algodão, com três camadas de espessuras diferentes, sendo a última uma fina camada de renda e prendeu-a com uma fita de cetim que pendia das laterais de ambas as partes. A janela era de madeira com quadrantes de vidro transparentes embora a poeira dos anos não permitisse enxergar um palmo além daqueles vidros. Ela levantou a parte inferior da janela e uma brisa soprou levantando uma camada de poeira por todo lado. A claridade daquela manhã preencheu todo o recinto, dourando os móveis e objetos cobertos e protegidos por lençóis, desenhando um quadrado de luz no chão de madeira encerada e vermelha. Ela olhou à sua volta procurando pelo que foi ali buscar. O objeto, um pequeno baú de madeira estava guardado em um canto, não menos empoeirado. Ela o trouxe cuidadosamente para o local onde a luz era mais intensa, bem diante da janela, soprou a poeira sobre as duas presilhas que o fechavam.
     Num movimento quase ritual, ela abriu o baú lenta e cuidadosamente. Era um baú de madeira trabalhada, parecida com mogno, de fechaduras de metais inoxidáveis e forrado com uma flanela vermelha. Fotografias, recortes de jornais, cartas cuidadosamente dobradas, uma boneca de plástico vestida de noiva, bijouterias velhas, um vidro vazio de perfume (o primeiro que ela ganhara, um chanel 5, ainda na embalagem quadrada com a tampa preta de plástico) e uma caixa de música. Cada um daqueles objetos trazia um turbilhão de lembranças.
     Ela remexeu e olhou rapidamente os objetos no baú, tomou a caixa de música, branca, revestida de minúsculos cristais coloridos, torceu a borboleta que dava corda na caixinha e para seu espanto ela ainda funcionava perfeitamente. A música era "Danubio Azul" de Johann Strauss. Maneou a cabeça e colocou-a de lado. 
     Começou a olhar as fotografias ainda em preto e branco, tiradas na velha Polaroid de seu pai, já bastante amareladas pelo tempo. A primeira foto foto foi de um acampamento, onde conhecera Pablo, um menino de origem hispânica, olhos negros, cabelos cortados em franja, mais parecido com um curumim, porém seu sotaque que mixava o português com o espanhol a encantava, principalmente quando ele a chamava de "Hermosa", sem no entanto ela sequer imaginar o que significava e sempre que ela o perguntava, ele apenas sorria e respondia "vá procurar no dicionário". Coisa que ela nunca fez. 
     A segunda foto era de seus quinze anos. Ela se lembrou perfeitamente, embora a foto seja monocromática, de que usara um vestido amarelo-creme rodado, foi a primeira vez que fizera um penteado e usou uma maquiagem suave, o máximo que era permitido, naquela época, para sua idade. Não foi fácil vencer a timidez e convidar Pedro para dançarem a valsa. Ele havia se mudado para a sua rua há cinco meses. Nunca o vira namorando nenhuma garota do bairro, era sempre gentil e a cumprimentava também timidamente todas as vezes que se encontravam pela rua ou na mercearia onde costumavam comprar pães aos finais de tarde. Naquela noite de "debut" após dançarem, eles conversaram animadamente na companhia dos seus respectivos pais. Quando ela levantou-se para ir ao toalete, ele a seguiu e disfarçadamente disse a ela que o encontrasse no jardim em alguns minutos. Seria seu primeiro beijo na boca, se naquele momento ela não tivesse ponderado tantas coisas imponderáveis e inadequadas ao momento.
     Cada foto trazia à lembrança os momentos cruciais em que recuara diante de um possível romance. Medo, timidez, falta de tempo, ansiedade descontrolada, preciosismo, pudores exacerbados, enfim... sempre encontrava um motivo para adiar ou recuar até o momento em que realmente perdia as oportunidades e não mais era possível retroagir.
     Por fim ela retomou a caixinha de música, contemplou uma vez mais, demoradamente, aquele objeto, deu corda novamente para que a música repetisse, lembrou-se da última vez em que ela se encontrara com ele, dentro do carro, parados num posto de gasolina, próximos a sua casa, quando ela afagou seu rosto e disse que precisava de um tempo, para organizar sua vida que estava muito confusa. Não estipulou um prazo, não mensurou quanto tempo ela necessitaria para lhe dizer que sim ou não. Pediu que ele não se afastasse dela, mas não considerou o quanto seria difícil para ele conviver ao lado dela, desejando a cada dia, que ela olhasse em seus olhos e se entregasse a esse namoro. Ele não poderia prometer esperá-la indefinidamente. Coração é uma terra desconhecida e que, se não ocupada devidamente, pode ser arrebatada por outro que venha lhe ocupar integralmente. Ele disse que esperaria por ela até que seu coração fosse conquistado e embora ele não estivesse procurando quem quisesse ocupá-lo, mais cedo ou mais tarde apareceria alguém a quem ele não conseguiria resistir. Esse tempo está passando, ela sabe disso e como o perfume que não há mais no frasco de chanel, o vestido de noiva, amarelado, de sua boneca, as fotografias desbotadas, sua imagem pode desaparecer em definitivo do coraçao dele.
     Ela guardou novamente todos os objetos no baú, soprou a poeira, levou-o para baixo e deveria escolher entre mudar suas atitudes e buscar ser feliz, deixando que o tempo e um novo amor se encarregue de direcioná-la ou recuar novamente postergando oportunidades de ser feliz, dando corda na caixinha de música e delicadamente aprisionar seus sentimentos, coragem e atitudes para ser feliz ali dentro, ao som de "Danubio Azul". 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Onde moram as lembranças...

...o sol se debruçava sobre o horizonte, dourando as folhas do bordo de Stanley Park. Vancouver se preparava para os burburinhos noturnos, o rock frenético nos pubs, a chuva fina e característica daquela cidade deslumbrante refletia os últimos raios de sol daquele domingo que se estendera como um discurso facundo e triste.
     Ele chegou em casa, deteve-se por instantes ao portão da garagem, desligou o motor, desceu, olhou à sua volta e com o olhar triste, lembrou-se do dia anterior quando ela ficava ali lhe aguardando. Ela veio visitá-lo e ficaram juntos toda a semana. Almoçavam juntos todos os dias em um restaurante próximo a seu trabalho, para onde ela se deslocava todos os dias e o aguardava. Era quando seus olhos brilhavam, quando encontravam os dela, ali, aguardando-o com aquele sorriso bonito. Caminhavam juntos, atravessando todo o parque, sob a chuva fina e a brisa fria que anunciava o fim do outono e a chegada do inverno que logo alvejaria toda a paisagem com as camadas espessas de neve e, nesse ano, prometia ser mais rigoroso.
     Mesmo que o inverno os surpreendesse, não haveria neve suficiente para congelar o calor daquele abraço, daqueles lábios, daquele corpo macio e de contornos generosos que se fundiam ao seu em todas as noites que dormiam de conchinha, com seu braço sob sua cabeça e o outro a lhe envolver pela cintura, acariciando-a levemente, com um roçar de unhas que subiam pelas suas coxas até seus seios e retornavam suavemente seguindo sua geografia, até adormecerem. 
     Quando criança, ele morava em uma casa com quintal, muitas árvores e em particular gostava de observar uma delas na qual os pássaros contruíam seu ninho durante o verão. Carregavam os gravetos e trançavam os mesmos com paciência, ocupavam o ninho até o inverno e depois o abandonavam. Ele começava a enxergar sua vida amorosa como esses ninhos, ocupados temporariamente até que um inverno, seja na alma ou nas circunstâncias lhe despejava e o forçava a mudar-se dali... e perguntava-se: até quando?.
     Não foi fácil, naquela manhã de domingo, acompanhá-la até o aeroporto, mas ele queria ficar ao lado dela até o último instante do embarque. Ela despachou a bagagem, na qual guardara também lembranças, saudades e metade dele que ali partia junto. Ele não quis esperar para vê-la dirigindo-se ao embarque, preferiu ir embora, guardando na lembrança apenas o momento em que ela chegara, de sorriso lindo, lhe abraçando apertado e beijando-lhe os lábios, chegando naquele momento e partiria em uma semana, deixando seu perfume em seu travesseiro e seu coração.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Não é não...


http://www.youtube.com/watch?v=5-MT5zeY6CU )
...já passava de 4:00 h., quando a madrugada chegava a lhe incomodar com todo seu silêncio indiscreto. Ela estava sem sono e resolvera caminhar pelas ruas daquela pequena cidade do interior, onde passava alguns dias de suas férias. Era uma cidade pequena, aconchegante, construída no século dezenove. Suas ruas de paralelepípedos e as casas caiadas que refletiam a luz amarela das luminárias lhe concediam um aspecto ainda mais ermo de qualquer comparação com a grande metrópole onde ela vivia. Ela desceu vagarosamente por uma das estreitas ruas daquela cidade entrecortada por diversos riachos. Atravessou uma ponte de madeira apropriada para pedestres, sentou-se sobre o muro de proteção, de onde poderia avistar aquele riacho de águas cristalinas, desviando-se das pedras, com sua onomatopeia que em outras ocasiões a embalaria num sono profundo. 

     As raras nuvens brincavam de desenhar figuras em seu imaginário enquanto a lua se agigantava um pouco acima do horizonte. Os pássaros noturnos faziam coro àquele cenário desolado e ao mesmo tempo acolhedor. Ela olhou para a noite clara, juntou algumas pedrinhas ao seu redor e as arremessavam n 'água. Não era sem razão sua pequena peregrinação noite adentro, pois algumas atitudes reclamam por coragem e sensatez.

     Ela o conhecera há alguns anos, quando então tiveram um sólido affair que não evoluiu além da amizade e então se distanciaram. Havia química mas isso por si só não sustenta relacionamento algum embora seja muito importante que exista e haja reciprocidade. Ela não poderia dizer que o amava, pois não era verdade. O destino encarregou-se de afastá-lo e cada qual seguiu seu caminho. 

     Cinco anos depois ele reaparece, dizendo que a ama, que quer se casar e ter filhos. Ela já não gosta mais dele, pois os anos trataram de acomodar em um lugar bastante remoto os resquícios. Ela disse: Não!!! mas ele parecia não compreender as constantes negativas e insistia em reatar. Ela hesitou em algumas vezes, chegando até mesmo a ponderar um retorno. Mas como seria sem amá-lo? Amor não acontece com a mesma intensidade na mesma época e ao mesmo tempo. Mas ela não sabia como dizer não sem magoá-lo, mas não havia outra maneira de fazê-lo enxergar que tudo aquilo que ele sente é unilateral e relacionamento algum se sustentaria dessa forma.

     É... ela teria que ser mais contundente, caso queira fazer-se compreender. Enquanto o amor não acontece, ela aproveitaria a vida, porém, longe de uma casinha de bonecas.
  

     

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Nem tudo que reluz...


...ela olhou para o celular e não encontrou nenhuma mensagem dele. Todos os dias ele lhe 
enviava mensagens logo ao acordar, desejando-lhe bom dia, enviando beijos, externando sua 
saudade. Porém, naquele dia, não. 

Ela sentou-se na cama, preocupada, pegou o celular e ligou para ele mas caiu na caixa postal. 
Ainda insistiu por diversas vezes, sem sucesso e também enviou-lhe mensagens. Olhou 
aflita para o despertador. Ainda eram 7:00 h. e ele só chegaria no trabalho às 8:00 h. Milhares de 
pensamentos açoitaram lhe naquele momento. Ele sempre ligava, mesmo quando viajava a 
trabalho, não deixava de ligar um dia sequer. Será que está bem? será que acidentou-se? afinal 
ele adorava motocicletas e não pilotava devagar. Será que perdeu a hora e ainda está dormindo? 
não, claro que não - refutou - o celular estaria ligado caso ainda estivesse dormindo, pois ele o 
usava como despertador. Os pensamentos mais equilibrados foram desaparecendo lentamente e 
cedendo lugar àqueles maliciosos e desconfiados. Não, ela não acreditava que ele pudesse 
estar com outra pessoa. Mas... e se estivesse?. Ela iria até lá... isso mesmo... ela precisava ir 
até lá e certificar-se de que ele estava realmente só em casa. Mas... quem poderia ser? aquela 
amiga de trabalho? talvez... eles sempre demonstraram uma amizade excessivamente 
carinhosa... aquelas amigas do facebook?... talvez... ele tem muitas amigas bonitas... mas qual 
delas seria? Ele sempre foi muito gentil, educado, carinhoso com todos que conhecia, um 
romântico e as mulheres reconheciam esse seu aspecto. Ah! mas ela descobriria... e ele ouviria 
poucas e boas. Como pode traí-la daquela maneira? Ela sempre fora fiel e leal ao seu amor. 

Seus olhos perderam o brilho da saudade e escureceram. Levantou-se da cama, foi até a estante da sala onde havia um cisne de cristal sobre a mesma. Ela fitou o cisne e as lembranças vieram à tona.

Era um dia de domingo ensolarado. A primavera chegara trazendo cores e alegria à soturna paisagem urbana. Ela abriu as janelas, vestiu uma malha para ginástica e foi caminhar à beira do lago. Seus cabelos presos, um boné para proteger-se do sol, calça de malha de cintura baixa, à altura de seu sinuoso quadril deixando sua barriga esculpida à mostra, top de malha que mal cumpriam seu papel de ocultar seus seios, tênis, um MP3, fones nos ouvidos e foi caminhar. Ela gostava de caminhar ali à beira do lago. Era um parque público, arborizado, com uma pista para caminhadas ao redor, um playground ao centro, bancos, quiosques onde vendiam água de coco, vitaminas, etc. Ao final do dia e pela manhã, muitas pessoas iam ali para caminhar, correr ou apenas passear. 

Ela já completara sua terceira volta naquela pista que media 2,5 Km de extensão. Já estava exausta e só não havia parado porque ele corria em sentido contrário, reduzia a passada a cada vez que cruzavam na pista. Desde longe ele já começava a fixar seu olhar em seus olhos. Na primeira volta, ela tirou o olhar, sustentou um pouquinho na segunda volta e na terceira ela queria que ele a fixasse, fizesse meia volta, emparelhasse a ela e começasse a conversar. Mas passou a terceira volta e nada, ele passou direto, fixando o olhar mas não se deteve. Ela continuou sua caminhada, parou nos aparelhos de ginástica para se alongar e já estava no final de seu alongamento, pronta para voltar pra casa quando ouviu uma voz grave, porém doce, às suas costas.
- Oi, como vai? já terminou?
Ela nem se virou de imediato, pois suas pernas definitivamente perderam as forças. Suas mãos congelaram e suaram ao mesmo tempo que seu coração retomou o ritmo acelerado e batia frenéticamente. Instintivamente ela sabia quem era quando virou o rosto e confirmou que sim, era ele quem estava ali parado ao seu lado, suado, convidativo como um banquete de feromonas. Ele era alto, seu rosto mal alcançava seu peito, estrutura física atlética, ligeiramente acima do peso, mas devia ser por isso que ele estava ali, correndo, mas seu olhar era doce, extremamente gentil e educado. As palavras não lhe saíam da garganta quando timidamente ela balbuciou alguma resposta. Após as devidas apresentações, começaram a conversar e foram caminhar bem ali próximo ao lago, sentindo a brisa fresca daquela manhã de domingo de primavera. Dali em diante, tudo seria perfeito. Na saída do parque, naquele dia em que se conheceram, ele comprou um cisne de cristal (era de vidro, feito artesanalmente por aquelas pessoas que vendiam artesanatos ali por perto), mas era bonito e delicado como cristal e pediu que o guardasse, como lembrança do dia em que se conheceram. Chegando em casa ela o colocou sobre a estante da sala, onde poderia vê-lo e recordar-se todos os dias.

Ela pegou o cisne, com os olhos irradiando raiva e atirou-o com força contra a parede, partindo-o em centenas de pedaços. Perdera seu valor, já não importava mais diante daquela traição. Por que ele não veio falar com ela antes de se atirar nos braços de outra? Ela não compreenderia, mas teria que aceitar suas decisões. Não se pode exigir o amor de ninguém nem pedir que jamais deixe de amá-la, mas ela esperava que ele encerrasse sua história com ela antes de iniciar um affair com outrem. Com o ódio estampado em seus olhos e coração, ela não ouviu quando a campainha de seu apartamento tocou, e muito menos ouviu seu celular tocando, esquecido lá no quarto. Quando percebeu que alguém fixara o dedo na campainha de seu apartamento e não mais tirou, fazendo soar incessantemente aquele barulho que lhe mexia com os nervos, foi atender impaciente. Quando abriu a porta, ele estava ali parado, um pouco assustado, um ramalhete de rosas e um presente cuidadosamente embrulhado em uma das mãos e uma cesta de café da manhã em outra, estático. Com uma expressão de espanto e um sorriso que demonstrava claramente não saber o que acontecia, ele estendeu a mão com o presente e o ramalhete de rosas e disse, em seu tom calmo e característico:
- Feliz aniversário meu amor! desculpe vir sem avisar mas queria lhe fazer essa surpresa e desejar-lhe um bom dia pessoalmente. 

Sim, ela havia se esquecido que era o dia de seu aniversário. 
Num canto da sala, espalhado precipitadamente em minúsculos pedaços, o cisne de cristal. 
Em seu coração, espalhados em minúsculos sentimentos, o remorso.

"Aprendi que para amar as virtudes e belezas de uma pessoa é necessário enxergar e 
compreender os defeitos e vicissitudes também. Sim, compreender... muito diferente de aceitar, 
que sinaliza passividade, enquanto a compreensão exige desprendimento e caminhar em 
direção ao outro."  (Carlinha)

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Você sabe...

...quando é hora de deixar para trás certas lembranças e seguir adiante sem apego ao passado, sem lágrimas, sem rancores, sem o peso que lhe sufocou os ombros por dias, meses, anos.
...quando é hora de acordar, espreguiçar-se para a vida, alongar-se, recomeçar o dia que antes parecia nebuloso e cinzento mas o tempo, que cura tudo, tornou-o ensolarado e brilhante.
...que seus passos ainda podem não parecer seguros, mas quando seu caminho é consciente e seus objetivos são claros, seus joelhos não dobrarão.
...que nenhuma lágrima derramada foi em vão, pois é preciso "gastar" um sentimento, uma condição, uma situação, para que ela faça parte naturalmente de sua vivência e não um fato isolado que se torna um cacto repleto de espinhos a lhe ferir a alma.
...como alcançar e viver momentos felizes sem se iludir que a felicidade é um ponto no horizonte, mas sim, diversos deles, espalhados entre família, amigos e amores.
...que andar descalço na areia molhada é uma das inúmeras sensações e delícias que não lhe custam nada a não ser alguns passos firmes.
...que ainda vai ouvir muitas canções que lhe farão recordar, orvalhar seus olhos, sorrir ou até mesmo trocar a música, mas isso é parte do processo de reconciliação consigo mesmo(a).
...que poderá fechar os olhos, abrir os braços e abraçar a brisa fresca de qualquer lugar que queira ir sem que isso lhe onere a consciência.
...que tudo passa, tanto as coisas boas quanto as ruins e que o momento certo para vivê-las é exatamente o tempo presente.
...que um passo seguro, de cada vez, te levará muito mais adiante do que pular etapas importantes em todos os aspectos da vida.
...que todo seu esforço, dedicado seja ao que for, lhe renderá frutos e que a qualidade dos mesmos é diretamente proporcional aos objetivos dos mesmos.
...que dizer não, às vezes, é tão necessário e benéfico a quem ouve do que iludir com um sim que jamais teria a plenitude de sua vontade.
...que esperar é uma virtude que lhe poupará dissabores e tristezas, mas não deixe que essa espera se transforme em inércia ou marasmo, pois a vida segue e mais adiante talvez você descubra que essa espera não lhe importa mais.
...amor é uma via de mão dupla, onde recebe mais aquele que doa. Ame e dedique-se à pessoa amada sem esperar nada em troca pois isso virá naturalmente e caso não venha, absolutamente não foi você quem perdeu.
...que deve olhar-se no espelho e amar o que vê, pois se você não tem autoestima como espera ser amado por alguém?
...que está pronto para recomeçar quando já consegue seguir em frente e o caminho percorrido não lhe causa dor, mesmo que em alguns momentos você olhe para trás.