segunda-feira, 29 de abril de 2013

Trovões

     Quando criança, adorava ver os relâmpagos. Eles clareavam por detrás das nuvens e por uma fração de segundo, aquelas nuvens tomavam formas diversas. Minha imaginação tinha que ser rápida para captar de relance aquelas formas que percebia ou até mesmo, acreditava ver. Meu pai havia me ensinado que sempre após um relâmpago, alguns segundos depois, viria o trovão e que isso dependia muito da distância em que caía aquele raio. Quanto mais longe, mais fraco o barulho do trovão. Ainda assim eu me assustava, tapava os ouvidos, com as mãos suadas, olhos estáticos no céu, aguardando aquele barulho assustador. Por diversas vezes parecia que aquele barulho acontecia bem ali, pertinho de mim, no meu quarto.
     Hoje me senti assim, como que ouvindo aqueles trovões. Raios desenhando em meus pensamentos as mais diversas formas, resgatadas do meu subconsciente, numa turbulência tamanha, expulsando e delegando às profundidades do Ego, as aquisições mentais e emocionais dos últimos anos. Ah! não é tarefa fácil lutar contra o "si mesmo", contra esse maldito self que quer manter viva as impressões que quero esquecer ou mesmo jogar sob o tapete da mente e do coração. Quero e vou gastar essa dor, até que um dia, como quando criança, como os raios que nunca me atingiram e tampouco os trovões me ensurdeceram, eu possa novamente me deitar e dormir... em paz.

Lelo.

domingo, 28 de abril de 2013

Quando tudo está perdido...

...Legião Urbana, em "A Via Láctea":


"Hoje a tristezaNão é passageiraHoje fiquei com febreA tarde inteiraCada estrelaParecerá uma lágrima
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem..."
Não acredito mais que a montanha que você diz que é uma montanha, exista mais. Hoje ela se parece um pequeno monte, perdido no horizonte do que já foi, enquanto minha cordilheira continua uma cordilheira. Não tente me convencer da imensidão, não minta mais para mim, dizendo que o infinito existe quando na verdade o limite está ali bem próximo e sinto isso.
Sairei da lama, pois mesmo na lama as plantas crescem e logo essas gotas de lagrimas que caem na poeira da calçada, vindas dessa mentira de sentimento, servirão como adubo que me fortalecem e me colocam a andar e seguir adiante. 
Um dia, não sei quando, tudo serão lembranças, algumas boas outras péssimas, porém lembranças. Pois "quando tudo está perdido, sempre existe uma luz, sempre existe um caminho". E quando olhar para trás, verá a imensidão do que ficou e o quanto poderia ser. 
O fogo queima, mas fortalece e embora hoje possa doer (e dói) é no fogo que o aço é forjado e se torna inquebrável e essas mesmas lágrimas que se juntam à poeira e se transformam em lama, lavarão essa rua feita de pedras e meus pés pisarão firmes novamente ao nascer de um novo dia, onde um sol ainda brilha, embora hoje, esteja um dia nublado, sombrio, frio e tenebroso em meu coração.

Lelo.

sábado, 27 de abril de 2013

E assim...


...é como o verbo... ser!
Somos ou já fomos, como o rio que corre e passa ou já passou.
As águas que banharam e lamberam as margens já não o fazem mais,
nem tampouco molham as raízes que sedentas, estendem as mãos e imploram
ao mouco rio um pouco de sua atenção.
São as lembranças, que douro com o olhar, perdido na imensidão do ontem e submerso no hoje onde recordamos os portos seguros aos quais refutamos e nos faltou sabedoria para aportá-los.
Não percam as oportunidades... de ser, atender, querer, cuidar, dar atenção, acompanhar, caminhar, sorrir, chorar, recomeçar, valorizar, ser melhor.

Hoje eu me sento à janela,
meus olhos já quase vazios,
sem aquela aquarela,
lacrimejam tardios.

Meu peito reage num aperto,
que sufoca minha respiração
e lamenta o desacerto,
ao qual condenei meu coração.

Doravante sigo meus passos, cautelosos e solitários. A desesperança me acompanha,
faz par ao meu caminhar e estende sombra ao meu horizonte.

Hoje sou areia, um amontoado de grãos, aos quais nenhum par de mãos sustentam,
sem que por entre seus dedos se esvaiam.

Lelo.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Eyes in blues...

Novamente escrevendo... sou incorrigível, talvez teimoso em insistir nessa batalha de palavras.

Quero compartilhar esse blog com todos que se sentem sozinhos, que acolhem no recôndito da alma as notas melódicas do silêncio da mesma e também com aqueles que são alegres, felizes, para que possamos compartilhar e discutir essas nuances e peculiaridades que escolhemos ou simplesmente somos escolhidos por elas.

Abro aspas para me apresentar: "Sou uma pessoa simples, que gosta de se aventurar a escrever. Adoro música (quem não gosta?) e me expresso muito através delas e por diversas vezes elas verbalizam o que meus lábios emudecem, o coração padece e a alma entristece. Adoro ler e discutir seja lá o que for, pois acredito que devemos expor nossos pontos de vista e aprender um pouco mais a cada discussão democrática e saudável, respeitando a opinião de todos. Não me envolvo em discussão sobre religião, política e esportes, pois envolvem paixões e crenças e tais sentimentos são ímpares e pertencem a cada um. Chamem-me Lelo, sem cerimônias".

No meu profile tem uma das músicas que, em parte de sua letra, me descrevem também em parte do que sou e quem sou, pois sou indivíduo inserido no contexto social e sou coisa inserida no contexto universal, antecipando quem queira perguntar "por que se define como (que) também e não somente (quem) ?".

Não me façam perguntas, pois não tenho as respostas, mas tenho minhas opiniões a respeito de tudo, então, comentemos e aprendamos ou busquemos juntos as mesmas.

Tenho mais de 30 anos e menos de 50 se curioso você for, mas não me julgue pela aparência pois não sou tão jovem quanto aparento ser nem tão velho como me faço parecer. Aliás, a idade não significa nada para mim, pois há jovens que já morreram em si e velhos que gozam de plena juventude. Como vivemos no presente, o passado é o que ficou para trás e o futuro é o que estamos construindo nesse momento, você (quem lê) e eu.

Seja muito bem-vindo ao meu blog, doravante, sua casa também.

Lelo.