sexta-feira, 25 de abril de 2014

Pra que?


(melhor que leiam ouvindo essa música... foi repetindo essa música que escrevi. Os personagens são Tidus e Yuna de Final Fantasy X )

https://www.youtube.com/watch?v=0L0roxDUERY

Passei todo o dia preocupado contigo. Pra que?
Mandei mensagens, perguntando se estava melhor, nem me respondeu. Pra que?
Liguei, seu telefone só desligado, nem me retornou. Pra que?
Dediquei muito de minha vida por você, nem valorizou. Pra que?
Compartilhei meus segredos contigo, os teus ficaram guardados. Pra que?
Sequei tuas lágrimas com meus beijos, me negastes os teus. Pra que?
Me preocupei, enquanto divertias. Pra que?
Me senti perdido e tu sequer te preocupavas. Pra que?
Saí, fui dançar, mas nem me diverti. Pra que?
Voltei, entrei em casa, deixei a luz apagada. Pra que?
Fui ouvir música, mas aquela me lembrava você. Pra que?
Já é madruga e só agora chega uma mensagem tua. Pra que?
Me perguntas se estou bem. Pra que?
Lhe respondo que estou triste. Isso nem lhe importa. Pra que?
Fico em silêncio... dizer o que?. Pra que?
Tu insistes e reclama que não respondo. pra que?
Talvez meu silêncio doa em ti como o teu doeu em mim. Pra que?
Talvez sonhei alto demais e você nem sonhou. Pra que?
Certamente te amei, mas você... Pra que?
Talvez você valorize outro tipo de homem... então... pra que?
Talvez algum dia você entenda minhas lágrimas... mas... pra que?
Talvez algum dia você enxergue além, entenda o que não quis... pra que?
Vou tentar dormir com tua lembrança... sem você.
Eu sempre te perdôo e sempre o farei... contudo... pra que?
Eu te fiz uma Deusa em minha vida, nem tua compaixão me destes. Pra que?
Deixei de dormir porque tivestes febre. No dia seguinte, nem te lembrastes. Pra que?
Cantei todos os dias pra ti dormir. Pra que?
Corri atrás de ti... mas me cansei. Pra que?

Eu lhe daria todo meu amor... mas enfim...

Pra que?

terça-feira, 22 de abril de 2014

A carta


                (Caro leitor. Se ainda não leu os contos “Ah! Veruska!” e na sequência “Raul”, leia-os por gentileza, para melhor compreensão desse conto. Obrigado).
A cena presenciada, de Raul nos braços de outra, ainda remexia seus pensamentos como as lavas de um vulcão prestes a despejar sua fúria sobre pecadores e inocentes à sua volta. Veruska, a caminho de casa, sentia o coração palpitar tão forte que parecia saltar pela boca. Seus cabelos de fios sedosos e finos, grudavam em seu rosto molhado pelo pranto. Veruska não saberia dizer como conseguiu chegar em casa. Dirigia seu veículo automaticamente durante o trajeto de volta e sequer percebeu que fizera caminhos até mesmo desnecessários.
                Veruska entrou em casa e imediatamente pegou um bloco de anotações e começou a escrever:
                “Pai, eu sei que nesse primeiro instante você vai me condenar pelo que farei. Sei o quanto dedicou sua vida toda e concentrou seus esforços e inúmeros sacrifícios para me educar e criar. Minhas mais remotas lembranças, pai, começam quando menininha, aos cinco anos de idade você me carregava no ombro, fingindo ser um cavalinho trotando comigo pela casa. Eu revia as fotos quase todos os dias, observando teu sorriso e tua felicidade em cada momento que nos fotografou. Ainda guardo os vestidinhos e os sapatinhos brancos que comprava para mim e da princesinha que me tornei quando criança só para teus olhos e para alegrar teu coração. Revi as fotos da festa de aniversário do meu primeiro aninho e era evidente a felicidade estampada em teu rosto a me segurar no colo como se ostentasse um troféu de toda sua vida.
                Pai... ser tua única filha jamais tirou o privilégio de sentir que sou amada porque sou a única, mas sim porque eu realmente me sentia amada e mimada por completo. Não sei como será “do outro lado”, tenho medo sim, mas minha decisão já está tomada, não há como recuar. Dizem que “de lá” podemos observar as pessoas aqui e estarei sempre ao teu lado, embora não poderei mais sentir teu abraço, nem tuas mãos a me acariciar os cabelos fazendo cafuné quando te visitava só para me deitar em teu colo e ser tua filhinha carente desse pai amoroso. Mas não deve doer mais que ter que deixá-lo e causar-lhe essa dor que o acompanhará por toda tua vida.
                Não queria ser fraca, pai... você me ensinou a ser sempre forte, mas algumas dessas lições não aprendi. Deveria ser forte, mandar Raul embora de minha vida e continuá-la mas não conseguiria viver com alguns fatos sem que os mesmos me roubem o sossego, escravizem minha paz e machuquem meu coração. O natal se aproxima e eu me recordo de quando você esperava que eu dormisse para colocar meu presente sob o travesseiro ou ao lado de minha cama e eu sempre lutava contra o sono, na esperança de ver papai Noel fazê-lo, mas o bom velhinho nunca aparecia e mais tarde descobri que o responsável por deixar meus presentes era uma pessoa que eu amava infinitamente mais que o próprio velhinho de barbas brancas e gorro vermelho.
                Quando comecei a estudar, lembro-me bem, doía muito mais em ti deixar-me ali na escola sozinha, tanto que sempre me acompanhava até a sala de aula e permanecia ali comigo por alguns minutos até que a aula começasse e tua felicidade era evidente quando me buscava ao final da manhã. Quando me tornei adolescente e minhas exigências foram aumentando e achava que já era mocinha, jamais ouvi de ti qualquer repreensão, mas ao teu modo, me fazia entender que ainda não era tão crescidinha quanto pensava ser e com teu carinho me educava dentro de meu entendimento e maturidade. Não me recordo quantas vezes deixavas de comprar coisas importantes para ti e comprava o que eu lhe pedia, muitas das vezes sem que tivesse o dinheiro necessário mas sempre dava um jeitinho de realizar meus mimos dentro de meu merecimento. Lembra-te das histórias que contavas para eu dormir, pai? Sempre traziam uma lição de vida ao final, exceto aquelas que terminavam com o “monstrinho” que poderia estar sob a cama ou no armário e que sempre culminavam comigo carregando meu travesseiro no meio da noite, subindo pelas tuas costas e me alojando ao teu lado em tua cama, com medo, acordava-o e não o deixava mais dormir antes de mim.
                Eu me sentia a dona do mundo ao teu lado, pai... quando dengosamente eu sentia fome e sempre queria algo que não estivesse perto de casa, mas geralmente no shopping... a escolha era apenas um pretexto para que saíssemos e ficássemos mais tempo juntos. É tão importante esses momentos juntos, mesmo que uma vez por semana ou a cada duas semanas, mas que existam na maior frequência possível, porque, um dia, algum de nós não estaremos mais por aqui... em nosso caso, eu não estarei, mas sei que a saudade ficará e estou certa que deveríamos (eu deveria) ter aproveitado muito mais a vida ao teu lado.
                Não sofra, pai.
                Sei que é pedir muito que não sofra, mas foi minha escolha. Quando perdemos nosso reflexo no espelho da vida, não nos enxergamos mais, mesmo diante de nosso eu, nossa identidade desaparece em meio à névoa de nosso orgulho, desespero e sem dúvida alguma, fraqueza. Mas como foi difícil ser eu mesma diante de tantas decepções. Muitos me julgarão fraca, outros louca, outros desejarão que tivesse feito o que fiz, com Raul e muitos outros me condenarão sem sequer me conhecerem. Estarei contigo, pai, em cada entardecer, a cada vez que seu celular tocar e aparecer nossa foto abraçados (sempre foi essa que esteve ali), a cada vez que tocar a campainha de casa e a pessoa do outro lado não pular em teu pescoço, sorridente, ainda assim, não sofra pai.
                Minha vida amorosa foi uma sucessão de fracassos, mas tive o melhor pai (e mãe) que poderia ter. Nesse aspecto minha vida foi maravilhosa. Lamento que não seja tudo como desejamos quando crescemos e nos tornamos adultos. Na fase adulta, quase tudo o que realmente importa, cede lugar às coisas de menor importância e naufragamos nos caprichos, vaidades e egoísmos e nos esquecemos do colo, da magia, do aconchego, do abraço, da ternura e do amor daqueles que nos querem bem. A pureza do coração, contaminada pelas paixões abre brechas para o veneno que corre em minhas veias.
                Te amo pai.
                Procure ser feliz, apesar de tudo. Nos encontraremos em breve, acredito nisso. E embora por muitas noites, as lembrança turvem teus olhos e o coração ameace desistir, não o faça. Não siga meus passos, pois não estarei onde me procurares.
                Sua filha, Veruska.”

                Veruska dobrou cuidadosamente a carta, colocou-a num envelope endereçado a teu pai, caminhou até a caixa de correios mais próxima e por alguns instantes, pensativa, fixou seu olhar na direção daquela rua onde morava. Já não havia mais movimento algum àquela hora, somente as folhas secas sendo arrastadas pelo vento e a tênue iluminação da rua que douravam ainda mais seus olhos, vermelhos e inchados de chorar.  Depositou a carta, virou-se em direção à sua casa entrou em casa e trancou definitivamente a porta. 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Arrisque ser feliz...

Quanto mais vivo, menos vivo.
A vida é ditada por regras e quer queiramos ou não, estamos sujeitos às mesmas.
Regras de condutas, regras de comportamentos, regras sociais, familiares, etc.
Há os rebeldes que enganam a si próprios e não querem segui-las como se ainda vivessem woodstock e todo o liberalismo de estar nu fumando maconha fosse o auge do protesto e da rebeldia. Contrariar aos outros é fácil, basta fazer aquilo que os desagradam. Ser rebelde, mesmo após os 30 anos de idade (para ser bonzinho), é ter a coragem de confrontar-se, enxergar-se e reconhecer a si próprio diante de um espelho que semelhante ao da rainha má de branca de neve, lhe abra os olhos com aquilo que não queres ver.
                A verdadeira rebeldia está em quebrar seus paradigmas e lutar contra seus próprios defeitos... isso sim será capaz de libertá-lo sem torna-lo escravo de subterfúgios cotidianos aos quais recorrem para justificar a incapacidade de mudar hábitos e costumes para que a própria vida lhe forneça resultados diferentes. O rebelde luta contra si enquanto o pseudo corajoso elabora contra terceiros, busca no sarcasmo e se apoia até mesmo em arquétipos contestáveis de verdades viscerais.
                Não é somente uma gota de chuva que faz brotar a semente, nem queira acreditar nisso... ela é somente o catalisador, o hálito Divino que sopra na direção daquele que sabe fazer a leitura dos fatos desencadeados à sua volta e não se recolhe ao casulo quando os primeiros ventos de mudança interior sopram as velas de sua existência. O acaso não existe e as pessoas não surgem aleatoriamente na vida das outras pessoas, mas é preciso desvencilhar-se dos musgos que cegam os olhos sempre voltados na mesma direção e habituados e enxergar os próprios e restritos hábitos como uma panaceia para todos os males e, pior, como uma autodefesa (de quem??). Não desdenhe de quem se aproximou de ti com a intenção de agregar e somar em tua vida e quem sabe unir-se a ela. Jamais encontrarás a metade que se justapõe com perfeição à tua outra metade, mas tudo pode ser lapidado, como o diamante bruto foi um dia.
                As verdades são carpideiras e as oportunidades não acompanham sempre o mesmo féretro dos teus egos insubordinados. Assim, seja menos rebelde e mais complacente com as ofertas que a vida lhe dá.
      Arrisque ser feliz! 
    Dificuldades virão, como vieram para os três porquinhos na literatura infantil, mas... quem tem medo do lobo mau?

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Teus olhos de esmeralda...


Tem a cor de maçã verde
e teus lábios o mel que me sacia a sede

Tem o brilho das manhãs de verão
e teu sorriso a poesia que conquistou meu coração

Tem a ternura de um barco voltando
ao cais que o viu partir sob olhares sangrando

Tem a suavidade da flor
e a textura de tua pele que me inebria com teu calor

Tem a profundidade do mar
que singro em um barco a velas sem querer voltar

Tem a paixão de um jardim
florido na primavera que despertas em mim

Tem som e melodia
quando te acolho em meus braços e entramos em sintonia

Tem o perfume adocicado
de estrelas em um céu estrelado

Tem a intensa magia
dos pensamentos que encantam meus dias

Tem a imensidão de uma cordilheira
que produz o eco: quero você... você... você!