sábado, 29 de junho de 2013

Pause...

... me disseram assim: "fale sobre você...".
Não poderia ser pior ou mais difícil de responder. Primeiro porque quem se define, automaticamente se limita. Sou ilimitado, luz e escuridão concomitantes em mim. Sou alegria e tristeza inertes e em movimento num corpo só. Por vezes sou Quixote digladiando com moinhos nas noites escuras de falsos dragões ou me esgueirando entre espinhais que me ferem a pele e riscam minh'alma como afiados dentes de marfim. Sou doce como mel e pareço amargo como fel. A diferença é você quem terá que descobrir se quiser me conhecer. Qual vive, qual morre, não importa se a vida é efêmera e a morte é certa. Então por que escolher uma ou outra característica?  Não escolho, em ninguém, nenhuma das duas. Faço brotar, faço surgir, a que mais me apraz. Se planto amor colho uma flor, senão colho a dor e a escuridão. Eu me olho no espelho e gosto do que vejo. Não pela imagem... entenda o que digo, vá além... falo do que você não vê. Veja as rodas que fazem o mundo girar, calçadas em sonhos e sustentadas em verbos. Veja a chuva que cai sem se furtar de abrir os braços e colher as gotas que lhe ardem nos olhos. Há muito tempo me cansei de ser o vento, soprando alhures em todas direções. Icei velas em minha direção, numa busca que levou às profundezas de um lugar em que jamais estive. Fui Arthur da távola redonda, Átila, Perseu, mas nunca fui quem sempre busquei: Eu.
Sou romântico e acho isso uma qualidade, embora muitas pessoas não concordem. Tudo bem, e daí que você gosta de jiló e quiabo, ou você sabe esquiar ou se é presidente da república? somos diferentes!. Já preferi Hard-rock e quis escalar o Everest sem no entanto entender que a minha canção (que hoje é essa e  você pode ouvi-la no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=YuJbij0Vx20 ) e minha escalada sempre estiveram aqui dentro. Hoje prefiro o ruído silencioso da planta crescendo, a noite escura e o céu sem estrelas, para poder conversar com a planta, iluminar a noite, semear estrelas no céu. 
Assim, quero que se lembrem de mim, como a água que passou, ora um filete, ora riacho... lembrem-se de mim como memória viva ou mesmo Quixote, que em toda sua loucura, apenas queria ser feliz.


Seu porto seguro...

Ela hesitou por instantes. Aquele bilhete escrito no guardanapo de tecido, o vinho sobre a mesa, as duas taças diante de si, aquele homem misterioso que a surpreendia inusitadamente subtraíra o chão sob seus pés. Ela lançou, tímida, um sorriso em sua direção, agradecendo. Foi nesse momento que ela observou mais atentamente aquele homem, de aparência madura, cabelos suavemente grisalhos, olhos brilhantes cor de mel, aqueles lábios de aparência macia emoldurados por aquela boca bonita, geometricamente perfeita que contemplava um lindo sorriso. Ele levou a taça de vinho aos lábios e nesse momento ela reparou em suas mãos, de tenaz aparência e ao mesmo tempo longilínea. Por uma fração de segundo, que lhe pareceu uma eternidade, ela memorizou aquela alma misteriosa que como um perfeito gentleman, de maneira ousada se convidava a sentar-se à sua mesa. Subitamente ele levantou-se, acenou a ela para que ouvisse algo, caminhou lentamente na direção oposta à qual ela estava e sentou-se ao piano que havia no recinto para os shows que ali aconteciam em alguns dias da semana. Aos primeiros acordes a música preencheu todo o recinto. Ela reconhecera imediatamente o que ele tocava, pois ela também gostava muito de música clássica. Sim, incrivelmente era uma de suas favoritas: Rachmaninoff - Rhapsody (http://www.youtube.com/watch?v=RgtEUr_n9vM) de acordes melancólicos, melodia soturna mas deliciosa de se ouvir. Ao final de seu breve e particular concerto, dirigiu-se à sua mesa, decidido, de firme caminhar, como quem tem a absoluta certeza de onde vai. Ele é um homem de alta estatura, mas era o suficiente que seu rosto alcançasse a altura de seus ombros. Ele tomou sua mão, beijou-a suavemente, olhou-a nos olhos, cumprimentou-a gentilmente, apresentou-se e ela não teve sombra de dúvida em convidá-lo a sentar-se em sua companhia. Foi assim que destarte começaria ali um romance duradouro. Ela estava solteira, mas fora casada por alguns anos. Recém separada, ainda sentia-se insegura quanto a seus sentimentos, seu futuro, amedrontada pelo fantasma do que vivera em seu último relacionamento. Naquele momento tantas memórias açoitavam-lhe o espírito e as incertezas insistiam em rondar seus pensamentos. Ela veria, entretanto, que seus temores eram infundados. Cada relacionamento é único pois envolvem indivíduos também únicos. Ele deixaria bastante claro, no decorrer dos dias vindouros, que não havia motivo para temor algum, pois ele seria seu porto seguro, seu ombro nos momentos difíceis, sua luz na escuridão, sua paz quando ela deitar e adormecer sobre seu peito. Ela sentiria o olhar que ainda não conhecera, os beijos que não provara, a cumplicidade que não sentira, a fidelidade com que sonhara, o amor imenso e verdadeiro que nunca tivera.

sábado, 22 de junho de 2013

Aqueles olhos...


...ela ficou ali, aconchegada em seus braços, observando a brisa que soprava da praia, mover a cortina iluminada pelos raios de sol. Lá fora, cuidadosamente, ele havia preparado seu café da manhã, com todas as guloseimas que ela gostava. Enquanto ela se deliciava em um banho de espuma, na banheira, ele concluía os últimos detalhes. Sobre a mesa, um ramalhete de flores silvestres pactuava com aquela manhã ensolarada, com flores multicoloridas, alegres, como aqueles doces olhos que lhe enchiam o coração a cada vez que ele se perdia dentro deles. O mar estava muito agitado e então ele sugeriu adiar o passeio de barco para o entardecer e iriam à cidade logo após o café da manhã. Ela saiu do banho, vestiu-se e foi encontrá-lo na varanda. Ah! como ela estava linda naquele vestido de tecido macio, de estampas leves, curto até a metade de suas torneadas coxas, com decote em "V", uma sandália baixa, cabelos soltos, ainda úmidos, que secariam no decorrer do passeio. Na perdição daqueles lábios, um batom rosa claro delineava aquela boca perfeita que ia ao encontro dele estampando aquele sorriso maravilhoso. Os olhos claros, pareciam duas gemas preciosas que se destacavam contra a maquiagem mais escura contornando as pálpebras. Ele puxou a cadeira para que ela se sentasse e beijou-lhe suavemente o pescoço, fazendo com que sua pele arrepiasse e cada pelo de seus braços quisesse saltar fora. Terminaram o café, ele levantou-se, puxou a cadeira para que ela se levantasse também, segurando-lhe a mão para que se apoiasse e seguiram caminhando rumo à cidade que ficava a poucas quadras dali. A cidade, na verdade um vilarejo, construído no século dezenove mantivera sua arquitetura preservada. As ruas calçadas com pedras, as casas e prédios em estilo provinciano, igrejas em estilo barroco, formavam um conjunto aconchegante e acolhedor. Caminharam por becos estreitos, nos quais a luz do sol pouco encontrava espaço. Aquelas ruas tinham um sabor especial em sua mente, pois fora em uma viagem de férias a Salzbug, Áustria, que ele a conhecera. Estava em um café, quando ela chegou e sentou-se à mesa ao lado. A partir desse momento, ele não conseguiu enxergar a mais ninguém à sua volta. Era como se em meio a toda aquela multidão que transitava pela rua, que frequentava aquele café, nada nem ninguém existia ali, a não ser Ela, a dona dos seus olhos, a que fez seu coração disparar como se quisesse escapar pela boca. Ele fingindo que lia um jornal, ela aguardando para fazer seu pedido. Ele não conseguia parar de olhá-la. Quando seus olhares se cruzaram, ele sentiu seu peito quase explodir. Parecia que de cada célula em seu corpo emanava uma descarga elétrica que percorria todo seu corpo e o motivo estava bem ali dante dele. Quando seus olhares se cruzaram novamente, ele esboçou um sorriso, brindou discretamente com a taça de vinho. Ele escreveu um bilhete no guardanapo de tecido, branco, no qual havia uma rosa bordada nos cantos, e pediu que o garçom lhe entregasse, juntamente com uma garrafa de vinho e duas taças. O garçom a serviu, ela olhou para ele, agradeceu com um sorriso, desdobrou o guardanapo, voltou seu olhar para ele, com aqueles olhos que pareciam dois sóis, e assentiu. O bilhete? Ele escreveu assim: "Para você molhar seus lindos lábios e nunca mais afastá-los de mim. A segunda taça me aguarda. Posso?".

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Um novo dia...


...o sol já brilhava há algumas horas quando ele abriu os olhos lentamente. Aquele perfume inconfundível de seus cabelos, misturado à brisa que soprava da praia em direção ao quarto formavam aquele aroma delicioso que o fazia sorrir, em paz. Ele ajeitou-se na cama com cuidado e devagar para não acordá-la. Ela repousava em seu peito, dormindo profundamente, com uma das pernas jogada sobre seu corpo, um braço sobre seu peito, abraçando-o, como se quisesse prendê-lo ali naquela cama, para sempre. O lençol branco de cetim, que a cobria, desenhava seus contornos. As taças que os acompanharam na noite anterior, estavam sobre o criado-mudo, as velas aromáticas ainda ardiam e espargiam seu perfume pelo quarto. As pétalas de rosas que ele cuidadosamente espalhara sobre a cama e pelo quarto estavam grudadas em seus corpos. A gravata e o paletó que ele usava, jogado ao chão, bem próximo à porta de entrada, a camisa um pouco mais adiante, junto àquele vestido que atiçou seus pensamentos na noite anterior. Suas peças íntimas se misturaram ao lençol, branco como o marfim e perfumado como aquela pele macia que repousava inocentemente sobre seu peito ainda com marcas de batom e leves mordidas. Travesseiros e almofadas espalhadas pelo chão do quarto, fizera-o recordar que ali também fora palco daquela noite de amor. O sino de vento entoava sua melodia que brindava aquele dia ensolarado, porém, jamais tão ardente quanto a noite que acabaram de viver. Uma travessa de amoras, uvas e framboesas, chocolate cremoso, spray de chantilly, lenços coloridos de cetim, delatavam o que aquele sorriso que dançava em seus lábios escondia. Sua pele, testemunha daquelas unhas muito bem feitas e pintadas de carmim, ostentava listras avermelhadas, e suas costas levemente perfuradas. Marcas quase imperceptíveis de dentes em seus ombros e coxas fixavam um forte contraste com aquela figura doce que repousava inocentemente sobre seu peito. Ele subiu suavemente sua mão, que  repousava sobre suas costas nuas, até alcançar seus cabelos e uma vez mais entrelaçou seus dedos naqueles fios que pareciam finos exemplares de algodão. Ela moveu sua cabeça sobre seu peito, abrindo lentamente aqueles olhos nos quais ele amava mergulhar e perder-se em sua doçura. Ele a estreitou em seus braços e abraço, aconchegando-a em seu peito e sussurrou em seu ouvido: "Bom dia minha flor do campo". Ela retrucou baixinho, enquanto apoiava-se em seu peito, liberando sua outra mão para acariciar seu rosto com a mesma ternura com que seus pés roçavam os dele. Ele havia planejado um passeio de barco logo após o café da manhã, seguido de um passeio pela parte antiga da cidade. Mas aquela manhã ainda estava longe de terminar, pois decidiram retirar com seus lábios as pétalas de rosas ainda grudadas em seus corpos pelo suor.

Lelo.

domingo, 9 de junho de 2013

Após a praia...


...a noite os alcançou ali na areia, estendendo seu tapete de estrelas a iluminar-lhes as silhuetas que se assemelhavam a uma só. Ele levantou-se, estendeu-lhe a mão para ajudá-la a levantar-se, estreitando-a em seus braços, num abraço apertado, ao qual ela curvou-se para trás e sentiu-se envolvida, acolhida, protegida. Ele a puxou suavemente, olhando no fundo daqueles olhos que o conquistaram naquela noite de ventania e ameaça de tempestade, quando se conheceram melhor naquele bar. Ali estava aquele brilho que o conquistou, fez suas mãos suarem e disparar seu coração. Ele subiu sua mão pelo seu braço, com a leveza da última gota de orvalho que escorre por uma folha após a chuva. Alcançou seus cabelos macios e seus dedos entrelaçaram àqueles fios perfumados, afagando seu pescoço, arrancando-lhe um suspiro e fazendo-a cerrar aqueles olhos que o puxavam para suas profundezas e o envolviam por completo. Enquanto seu braço lhe envolvia pela cintura e a puxava para si, sua boca perfeita que a conquistara, buscava seus lábios, mordiscava seu lábio inferior e a beijava com toda aquela sede de amor. Ele mordiscava sua orelha, seu pescoço, seu queixo e aquela curva do pescoço que se estende para o ombro também não foi esquecida. Sua mão acolhia seu rosto em concha, enquanto seus beijos se intensificavam e a outra mão lhe percorria as costas nuas sentindo no tato sua pele arrepiar-se enquanto ela ofegava. Ele a tomou pela mão e guiou-a no caminho de volta até a cabana à beira da praia onde se hospedaram. Antes de descer para a praia ele havia feito uma lista e organizado uma surpresa para sua "flor do campo", que era como ele a chamava. A mesa na varanda, sob aquele tapete de estrelas estava organizada com um ramalhete de flores vermelhas, velas coloridas e aromáticas, sua bebida preferida, seu prato preferido e tudo o mais que ela gostava. Ela não conseguia esconder a surpresa em seus brilhantes olhos. Foram se aprontar para o jantar e retornaram em seguida, ela deslumbrante em um vestido longo com um decote em "V", um generoso decote às costas, salto alto (ela sabia o quanto ele adorava vê-la usando salto alto), sua pele perfumada que excitava seu olfato, seus cabelos soltos derramando suavidade sobre seus ombros nus. Ela sorriu, desviando o olhar para a mesa, ele dirigiu-se até ela, beijou sua mão, puxou a cadeira para que se sentasse, foi até o CD player e colocou "Moonlight Sonata - Beethoven" ( http://www.youtube.com/watch?v=v2jir8opKlc ), voltou e sentou-se diante daquela que fazia seu chão desaparecer e seu coração palpitar querendo escapar pela boca. Ele encheu as taças, brindaram, ele fitou seus olhos, e uma vez mais, em silêncio, ela ouviu nitidamente o que aquela música significava sob aquela noite em que as velas douravam seu semblante e nem um sussurro era necessário para dizer Eu te amo!.

Lelo.

sábado, 8 de junho de 2013

Na praia


... a praia estava deserta naquele momento. O sol começava a se recolher, tímido, atrás do horizonte, agora exibindo um dourado intenso, mesclado com raras nuvens que cediam seu branco de algodão para a ígnea coloração. Pari passu seu semblante iluminou-se com as cores daquele ocaso que o deslumbrava incessantemente enquanto se dirigia, a passos lentos, rumo às ondas que quebravam em seus pés. Tocar a areia molhada com seus pés descalços lhe aprazia ainda mais. Sentou-se, do rochedo, à beira. Lançou seu olhar na linha do horizonte, inspirou profundamente, sentiu aquela brisa inflar seus pulmões, afagar seus cabelos com dedos invisíveis que lhe sopravam de todas as direções. A melodia das ondas do mar quebrando à sua volta, soava-lhe como uma sinfonia de notas suaves, acariciando-lhe, também, a alma cansada. Lembrou-se do quanto gostava de sentar-se ao piano em tentativas inglórias de executar com perfeição "Adágio" de Albinone. Sim, era uma de suas músicas favoritas, naquele momento executada pelas ondas do mar. Ele não percebeu, absorto que estava, que ela se aproximou silenciosamente por trás, seguindo seus passos na areia, até descobri-lo ali sentado naquelas rochas úmidas e escurecidas pela incessante maré alta. Ele só a percebeu quando seu perfume a antecipou. Ah! como ele podia reconhecer de longe aquele perfume, de aroma ímpar, quando se misturava àquela pele macia e sedosa. Antes que pudesse virar seu rosto e deslumbrar seus olhos e coração com a sua chegada, ela o abraçou, roubando-lhe um beijo  com aqueles lábios carmim e carnudos, que amavam roçar os seus, que em êxtase, entreabertos, imploravam para que os tocassem com a mesma suavidade com que sempre o contemplaram. Suas mãos, naquele abraço, lhe percorriam o peito e suas unhas sempre pigmentadas de vermelho lhe arranhavam sem ferir-lhe a tez. Ela sentou-se ao seu lado, olhos brilhantes, sorrindo com a alma. Ele a abraçou, girou o corpo para que ficassem frente a frente e perdeu-se em seus olhos. A noite já se aproximava a passos largos e o breu começava seu domínio, perturbado apenas pelas poucas estrelas que já despontavam, lá onde o mar se perdia de vista. Não trocaram uma palavra sequer, pois era desnecessário dizer o que os olhos já gritavam e os corpos escreviam na areia.

Lelo.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Medo...


...ela parou diante de um obstáculo em sua vida que se agigantava diante de seus olhos. Era diferente, misterioso foi a palavra que ela usou para definir aquele sentimento. Mas sentiu medo. Sim, foi isso que sentiu quando começou a se lembrar do vento frio daquela noite quando uma tempestade se aproximava mas sequer caiu uma gota d'água. Medo foi a justificativa que encontrou numa tentativa de negar que gostou  de estar tão próxima, olhos nos olhos, tocando as mãos. Medo foi o que sentiu ao refutar a ideia de que queria mais e mais beijar aqueles lábios (e queria novamente) que tão sedentos estavam pelos seus. Abriu mão daquelas mãos que lhe acariciavam com suavidade a face, entrelaçavam dedos, e afagavam seus cabelos apenas por medo de querer mais. Ela não conseguia enxergar que todo medo passa, as atribulações passam e tudo que ele queria era lhe ajudar com que tudo isso passasse, mas, ao seu lado, para que quando suas lágrimas rolassem pelo seu rosto ele pudesse recolhê-las com um beijo e um sorriso nos lábios, silenciosamente lhe amparando. Ela julgava que ele seria igual aos outros, sem antes mesmo de conhecê-lo melhor e dar-lhe a oportunidade de lhe mostrar que SIM, ele não era como as pessoas com quem ela havia convivido até então. Ela acreditava que ignorar suas cartas, mensagens, ligações era suficiente para que seu coração aceitasse a inverdade contada a ele próprio de que ela não sentia nada por ele. Ela repetia a si mesma que havia sido ele quem sumiu e que não se preocupava com ela, contrariando todos os recados deixados em sua secretária eletrônica, desejando bom dia dizendo sentir saudade. Mas ele não seria invasivo (e não foi), para não forçar sua presença embora toda a atenção dele ela possuía. "Quero ir devagar", pensou ela, mas foi tão devagar que parou... e parou tudo... deixando que apenas o medo seguisse adiante. A vida segue, tanto a dela quanto a dele e os sentimentos se transformam e quando se trata de sentimentos, não há "amanhã", apenas "hoje", pois "amanhã" pode ser muito tarde para resgatar muitas coisas, não pelo motivo de não ter sido verdadeiro, pois foi, mas porque a indecisão diz (e diz claramente) que seu medo foi maior, muito maior que a felicidade que estava por vir e ela poderia ter vivido. Tudo passa... inclusive as oportunidades, o tempo perdido e o coração ofertado. Ele era um romântico. Ela quase foi seu romance.