quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Don´t forget me... I beg...

Era noite de inverno, nos primeiros dias, que traziam consigo os primeiros flocos de neve. Ele acessou a rede social para conversar com seus amigos e, crítico como era, acabou palpitando em um comentário no qual ele nem havia sido chamado, mas envolvia, naturalmente, pessoas de seu conhecimento. Foi uma brincadeira, claro, sem a menor intenção de magoar ou corrigir ninguém. 

Ela, a autora do comentário, respondeu diretamente a ele e iniciaram um diálogo a partir de então. Ele morava em Sevilha, ela em Bruxelas. 

Naquele fim de noite, ele havia chegado em casa mais cedo para evitar o pesado trânsito que se formava devido às nevascas no final do dia. O céu, gris, espalhava flocos que desciam numa coreografia ébria até atingir o solo. Ele tirou os sapatos molhados e calçou um dos pares que ficavam à disposição já na entrada de casa, tomou seu banho, fez seu desjejum e sentou-se para terminar a leitura de seu autor favorito, Gabriel García Marquez, do qual ele degustava sua obra "Cem anos de solidão". Leu mais alguns capítulos e foi checar seus e-mails e sua rede social. Foi então que deparou com aquele post que era, em verdade, um post despretensioso, mas abelhudo que era, ele resolveu intervir com suas brincadeiras. Nesse único intuito.

Ela aparentava 25, não mais que 27 anos de idade, cabelos levemente cacheados, castanhos claros com dourado, olhos castanhos escuros, vivos como duas pérolas negras, esbelta, mãos pequenas e graciosas e boca perfeita de lábios não muito carnudos, dentes claros, pequenos e especialmente sedutora essa boca em que ela ostentava (e sabia bem) um esboço de sorriso tal qual retratava Michelângelo, que dizia sem dizer e beijava sem tocar os meus.

Assim que ele comentou, alguns minutos depois ela se manifestou e ali começaram a se conhecer. Se apresentaram e conversaram animadamente. A madrugada foi pouca para tantos assuntos. A empatia e afinidades eram imensas e comuns. Não demorou para que ficassem íntimos.

Ambos solteiros, começaram a trocar impressões a respeito da vida e relacionamentos. Ele era romântico, atencioso, dedicado, não demorou muito para que ela percebesse isso. Ela era doce, inteligente, sagaz, quente como um vulcão em erupção e ele pura lava. Passados três dias que se conheceram já estavam íntimos o suficiente para que conversassem sobre suas vidas. Ela certamente mexera com ele e vice-versa. Ela lhe contou que estava conhecendo uma pessoa, há uns 10 dias. Ele sentiu-se atraído por ela e foi recíproco, mas isso os deixaram confusos. Principalmente a ela, que interessada em outra pessoa, agora se via sendo conquistada por um outro, mas se essa brecha existe é porque o outro ainda não a completava integralmente.

Bruxelas é distante de Sevilha, sem dúvida, mas quando se quer algo verdadeiramente, a distância passa a ser um mero detalhe. Ambos podem se empenhar para eliminar a distância, com perdas de ambos os lados claro, mas com ganhos muito maiores que as perdas. Ambos tem que ceder em benefício de um ganho maior. Ele, prolixo, acabou expressando-se mal e a entristeceu. Ele não foi compreendido, quando quis lhe mostrar que não estava se comparando ao rapaz que ela estava conhecendo, mas sim, falando de suas próprias qualidades, que ela mesma viria a conhecer e comprovar que não são apenas palavras jogadas ao vento. 

Ela está em silêncio desde então.
Ele está com o coração em aflição.

Ela aguarda sua mente se reequilibrar.
Ele só quer vê-la novamente sorrir.

Ela não sabe o que dizer.
Ele já disse: "quero você!".



Um comentário:

  1. Verdade seja dita : o amor tem dessas coisas, querer uma pessoa mesmo distante é desafiador, muito... São planos, vida, pessoas... Espero que eles encontrem uma saida encantadora! Bj

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