sábado, 22 de junho de 2013

Aqueles olhos...


...ela ficou ali, aconchegada em seus braços, observando a brisa que soprava da praia, mover a cortina iluminada pelos raios de sol. Lá fora, cuidadosamente, ele havia preparado seu café da manhã, com todas as guloseimas que ela gostava. Enquanto ela se deliciava em um banho de espuma, na banheira, ele concluía os últimos detalhes. Sobre a mesa, um ramalhete de flores silvestres pactuava com aquela manhã ensolarada, com flores multicoloridas, alegres, como aqueles doces olhos que lhe enchiam o coração a cada vez que ele se perdia dentro deles. O mar estava muito agitado e então ele sugeriu adiar o passeio de barco para o entardecer e iriam à cidade logo após o café da manhã. Ela saiu do banho, vestiu-se e foi encontrá-lo na varanda. Ah! como ela estava linda naquele vestido de tecido macio, de estampas leves, curto até a metade de suas torneadas coxas, com decote em "V", uma sandália baixa, cabelos soltos, ainda úmidos, que secariam no decorrer do passeio. Na perdição daqueles lábios, um batom rosa claro delineava aquela boca perfeita que ia ao encontro dele estampando aquele sorriso maravilhoso. Os olhos claros, pareciam duas gemas preciosas que se destacavam contra a maquiagem mais escura contornando as pálpebras. Ele puxou a cadeira para que ela se sentasse e beijou-lhe suavemente o pescoço, fazendo com que sua pele arrepiasse e cada pelo de seus braços quisesse saltar fora. Terminaram o café, ele levantou-se, puxou a cadeira para que ela se levantasse também, segurando-lhe a mão para que se apoiasse e seguiram caminhando rumo à cidade que ficava a poucas quadras dali. A cidade, na verdade um vilarejo, construído no século dezenove mantivera sua arquitetura preservada. As ruas calçadas com pedras, as casas e prédios em estilo provinciano, igrejas em estilo barroco, formavam um conjunto aconchegante e acolhedor. Caminharam por becos estreitos, nos quais a luz do sol pouco encontrava espaço. Aquelas ruas tinham um sabor especial em sua mente, pois fora em uma viagem de férias a Salzbug, Áustria, que ele a conhecera. Estava em um café, quando ela chegou e sentou-se à mesa ao lado. A partir desse momento, ele não conseguiu enxergar a mais ninguém à sua volta. Era como se em meio a toda aquela multidão que transitava pela rua, que frequentava aquele café, nada nem ninguém existia ali, a não ser Ela, a dona dos seus olhos, a que fez seu coração disparar como se quisesse escapar pela boca. Ele fingindo que lia um jornal, ela aguardando para fazer seu pedido. Ele não conseguia parar de olhá-la. Quando seus olhares se cruzaram, ele sentiu seu peito quase explodir. Parecia que de cada célula em seu corpo emanava uma descarga elétrica que percorria todo seu corpo e o motivo estava bem ali dante dele. Quando seus olhares se cruzaram novamente, ele esboçou um sorriso, brindou discretamente com a taça de vinho. Ele escreveu um bilhete no guardanapo de tecido, branco, no qual havia uma rosa bordada nos cantos, e pediu que o garçom lhe entregasse, juntamente com uma garrafa de vinho e duas taças. O garçom a serviu, ela olhou para ele, agradeceu com um sorriso, desdobrou o guardanapo, voltou seu olhar para ele, com aqueles olhos que pareciam dois sóis, e assentiu. O bilhete? Ele escreveu assim: "Para você molhar seus lindos lábios e nunca mais afastá-los de mim. A segunda taça me aguarda. Posso?".

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