quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Não é não...


http://www.youtube.com/watch?v=5-MT5zeY6CU )
...já passava de 4:00 h., quando a madrugada chegava a lhe incomodar com todo seu silêncio indiscreto. Ela estava sem sono e resolvera caminhar pelas ruas daquela pequena cidade do interior, onde passava alguns dias de suas férias. Era uma cidade pequena, aconchegante, construída no século dezenove. Suas ruas de paralelepípedos e as casas caiadas que refletiam a luz amarela das luminárias lhe concediam um aspecto ainda mais ermo de qualquer comparação com a grande metrópole onde ela vivia. Ela desceu vagarosamente por uma das estreitas ruas daquela cidade entrecortada por diversos riachos. Atravessou uma ponte de madeira apropriada para pedestres, sentou-se sobre o muro de proteção, de onde poderia avistar aquele riacho de águas cristalinas, desviando-se das pedras, com sua onomatopeia que em outras ocasiões a embalaria num sono profundo. 

     As raras nuvens brincavam de desenhar figuras em seu imaginário enquanto a lua se agigantava um pouco acima do horizonte. Os pássaros noturnos faziam coro àquele cenário desolado e ao mesmo tempo acolhedor. Ela olhou para a noite clara, juntou algumas pedrinhas ao seu redor e as arremessavam n 'água. Não era sem razão sua pequena peregrinação noite adentro, pois algumas atitudes reclamam por coragem e sensatez.

     Ela o conhecera há alguns anos, quando então tiveram um sólido affair que não evoluiu além da amizade e então se distanciaram. Havia química mas isso por si só não sustenta relacionamento algum embora seja muito importante que exista e haja reciprocidade. Ela não poderia dizer que o amava, pois não era verdade. O destino encarregou-se de afastá-lo e cada qual seguiu seu caminho. 

     Cinco anos depois ele reaparece, dizendo que a ama, que quer se casar e ter filhos. Ela já não gosta mais dele, pois os anos trataram de acomodar em um lugar bastante remoto os resquícios. Ela disse: Não!!! mas ele parecia não compreender as constantes negativas e insistia em reatar. Ela hesitou em algumas vezes, chegando até mesmo a ponderar um retorno. Mas como seria sem amá-lo? Amor não acontece com a mesma intensidade na mesma época e ao mesmo tempo. Mas ela não sabia como dizer não sem magoá-lo, mas não havia outra maneira de fazê-lo enxergar que tudo aquilo que ele sente é unilateral e relacionamento algum se sustentaria dessa forma.

     É... ela teria que ser mais contundente, caso queira fazer-se compreender. Enquanto o amor não acontece, ela aproveitaria a vida, porém, longe de uma casinha de bonecas.
  

     

2 comentários:

  1. Até mesmo as Barbies se tornam adultas e precisam abandonar suas casas...

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  2. Nossa, tomei um susto, um dia,quando ainda morava no interior e decidir dar uma volta na praça, não eram as 4 da madrugada,mas já passava das 23 hs...quanto o amor, bem,acontecera porém acho que passou o tempo daquele amor, prefiro os futuros amores.

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