terça-feira, 2 de julho de 2013

As folhas de outono...

...atravessaram a rua caminhando lado a lado, ainda tímidos, passos desajeitados. A hora já avançara, pois conversaram demoradamente naquele coffee bar. Era uma tarde de outono e o vento frio varria as ruas e espalhava folhas secas pelo chão. O céu formava uma abóbada de tons vermelhos e alaranjados, riscado  por poucas nuvens, conferindo um dourado aconchegante e calmo em toda a paisagem que os cercavam. O bordo vermelho debruçava suas folhas secas nos bancos e jardins daquela praça que ostentava o gramado mais verde que ele conhecera. As chaminés fumegantes nas casas era indício de que as lareiras eram acesas e o inverno não tardaria a chegar. As pessoas passavam apressadas, dirigindo-se aos seus lares após um longo dia de trabalho. Ambos, entrentanto, pareciam ignorar tudo á sua volta. De sorriso pleno ele a fitava nos olhos enquanto conversavam. Sentaram-se na grama à beira do lago. Foi a primeira vez que ele chegou tão perto daquele "anjo" que tão descompassadamente fez acelerar seu coração. Ele sentiu seu ombro roçar e colar no ombro dela, seus rostos se aproximaram o suficiente para que ele pudesse sentir de perto, pela primeira vez, o perfume daquela pele que ele identificaria, doravante, de olhos vendados. Ele levou a mão até seu rosto, acariciando aquela pele alva e macia com as costas das mãos. Pela primeira vez seus dedos entrelaçaram aqueles cabelos de algodão que lhe caía aos ombros, lisos até o meio e cacheado nas pontas, eram castanhos claros de fios dourados que realçavam ainda mais sob aquele ocaso colorido. Sua pele alva adquirira um tom bronzeado e o reflexo do lago em seus olhos tornavam ainda mais brilhantes aquele reduto onde os seus se perdiam. Ele observou suas mãos, finas, unhas grandes e bem cuidadas, dedos longilíneos, que se uniram aos dele quando deslizou sua mão e a colocou sobre a dela. Quando seus dedos entrelaçaram  ele sentiu como se aquelas mãos abraçassem as suas. Ele deslizou suavemente sua mão pelo seu braço em direção ao ombro, demorou-se quando seus dedos pousaram sobre seu pescoço. Ele aproximou seu rosto quase ao ponto de roçar seu nariz no dela, quando ela cerrou os olhos, entreabriu os lábios e aquela boca de lábios macios esperou pelo primeiro beijo. Ele roçou seus lábios nos dela, mordiscou seu lábio inferior e entregou-se àquele beijo com sofreguidão quando ela retribuiu, demoradamente, sentindo a textura daquela boca de contornos perfeitos que ele possuía. Suas línguas dançaram tocando-se e alternando as bocas que não demonstravam a menor vontade se separarem. Ele contornou os lábios dela com os seus, beijando-os de um cantinho da boca ao outro ao passo que sua mão se emaranhava naqueles cabelos dourados e puxavam suavemente seu rosto em direção ao dele enquanto sua outra mão decorava a geografia daqueles braços e pele perfeita. Aquele beijo demoraria ainda toda uma eternidade naquele espaço de tempo. Era o começo de tudo, quando duas almas gêmeas se encontraram, se reconheceram e deram a si próprias a oportunidade de buscarem juntos os momentos felizes que a vida lhes proporcionaria desde que tivessem a sabedoria necessária para que cuidassem, como deve ser cuidado, daquele amor que nascera de um olhar mas que dependeria da lealdade, respeito, cuidado e cumplicidade para que sobrevivesse. O vento que anunciava o outono tornava-se mais forte, a brisa mais fria, os olhares mais apaixonados e a vida mais bela. 

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