quarta-feira, 10 de julho de 2013

No hay más tiempo, no hay...


    Hoje quero ficar só. Sozinho comigo mesmo, com meus pensamentos, minhas alegrias, minhas tristezas, minhas vitórias, minhas derrotas. Hoje quero ouvir aquela música que há tempos não ouvia, sentir aquele perfume que ficou esquecido lá no fundo do armário, rever antigas fotografias, reler os textos que escrevi há anos, agora em suas páginas amareladas pelo tempo, sentir o cheiro de café no coador, fumaça de lenha na fogueira, doar as roupas que não uso mais, descartar as lembranças que não merecem ser lembradas, os sentimentos que não mais importam, olhar no fundo dos olhos dos meus medos.

     Hoje quero nos lábios a doçura do sorvete derretendo, gotas de tinta caindo na tela branca borrando o espaço de uma pintura barroca, me sentar na grama sob a chuva, abrir a boca e beber as gotas que puder captar, falar com a boca cheia, mas de palavras que não ultrapassavam minha garganta. 

      Hoje vou dormir mais tarde, abrir a janela e observar o luar, inspirar profundamente o ar frio da madrugada, sorrir para ninguém, contemplar o nada e o tudo na escuridão da madrugada. Hoje vou acenar e agradecer a quem fica, pedir perdão a quem magoei, jogar amarelinha nos quadradinhos da vida. Vou sair da vida à francesa como quem chegou sem querer e ficou sem merecer.


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